28 novembro, 2009

OFICINA 11 (Semana de 23 a 28 de novembro)

TP1 - LINGUAGEM E CULTURA

Nesta oficina, fizemos o estudo dirigido do TP1 com vistas a alcançar os seguintes objetivos: relacionar língua e cultura, dialetos e registros, língua falada e língua escrita, norma culta e normas populares e linguagem literária;  conceituar texto e indicar as razões do seu estudo prioritário  no ensino/aprendizagem de línguas.
Após os relatos dos Avançando na Prática, propomos a reescrita de um trecho da crônica Antigamente, de Carlos Drummond de Andrade, com uma adaptação para a linguagem empregada atualmente pelos cursistas ou por seus alunos.



CONSIDERAÇÕES
Em virtude dos problemas que ocorreram em nossa rede, neste semestre, tais como adiamento das aulas, paralisações e as  conferências municipal e intermunicipal, para cumprimento do programa dentro do cronograma determinado, fomos forçados a realizar o estudo do TP1 em uma só oficina.
Apesar disso, conseguimos planejar a oficina de tal forma que todos os objetivos foram atingidos.

LEITURA DELEITE

OS SETE CONSTITUINTES

Quem já passou no sertão
E viu o solo rachado,
A caatinga cor de cinza,
Duvido não ter parado
Pra ficar olhando o verde
Do juazeiro copado.

E sair dali pensando:
Como pode a natureza
Num clima tão quente e seco,
Numa terra indefesa
Com tanta adversidade
Criar tamanha beleza.

O juazeiro, seu moço,
É pra nós a resistência,
A força, a garra e a saga,
O grito de independência
Do sertanejo que luta
Na frente da emergência.

Nos seus galhos se agasalham
Do periquito ao cancão.
É hotel do retirante
Que anda de pé no chão,
O general da caatinga
E o vigia do sertão.

E foi debaixo de um deles
Que eu vi um porco falando,
Um cachorro e uma cobra
E um burro reclamando,
Um rato e um morcego
E uma vaca escutando.

Isso já faz tanto tempo
Que eu nem me lembro mais
Se foi pra lá de Fortim,
Se foi pra cá de Cristais,
Eu só me lembro direito
Do que disse os animais.

Eu vinha de Canindé
om sono e muito cansado,
Quando vi perto da estrada
Um juazeiro copado.
Subi, armei minha rede
E fiquei ali deitado.

Como a noite estava linda,
Procurei ver o cruzeiro,
Mas, cansado como estava,
Peguei no sono ligeiro.
Só acordei com uns gritos
Debaixo do juazeiro.

Quando eu olhei para baixo
Eu vi um porco falando,
Um cachorro e uma cobra
E um burro reclamando,
Um rato e um morcego
E uma vaca escutando.

O porco dizia assim:
– “Pelas barbas do capeta!
Se nós ficarmos parados
A coisa vai ficar preta...
Do jeito que o homem vai,
Vai acabar o planeta.

Já sujaram os sete mares
Do Atlântico ao mar Egeu,
As florestas estão capengas,
Os rios da cor de breu
E ainda por cima dizem
Que o seboso sou eu.

Os bichos bateram palmas,
O porco deu com a mão,
O rato se levantou
E disse: – “Prestem atenção,
Eu também já não suporto
Ser chamado de ladrão.

O homem, sim, mente e rouba,
Vende a honra, compra o nome.
Nós só pegamos a sobra
Daquilo que ele come
E somente o necessário
Pra saciar nossa fome.”

Palmas, gritos e assovios
Ecoaram na floresta,
A vaca se levantou
E disse franzindo a testa:
– “Eu convivo com o homem,
Mas sei que ele não presta.

É um mal-agradecido,
Orgulhoso, inconsciente.
É doido e se faz de cego,
Não sente o que a gente sente,
E quando nasce e tomando
A pulso o leite da gente.

Entre aplausos e gritos,
A cobra se levantou,
Ficou na ponta do rabo
E disse: – “Também eu sou
Perseguida pelo homem
Pra todo canto que vou.

Pra vocês o homem é ruim,
Mas pra nós ele é cruel.
Mata a cobra, tira o couro,
Come a carne, estoura o fel,
Descarrega todo o ódio
Em cima da cascavel.

É certo, eu tenho veneno,
Mas nunca fiz um canhão.
E entre mim e o homem,
Há uma contradição
O meu veneno é na presa,
O dele no coração.

Entre os venenos do homem,
O meu se perde na sobra...
Numa guerra o homem mata
Centenas numa manobra,
Inda tem cego que diz:
Eu tenho medo de cobra.”

A cobra inda quis falar,
Mas, de repente, um esturro.
É que o rato, pulando,
Pisou no rabo do burro
E o burro partiu pra cima
Do rato pra dar-lhe um murro.

Mas, o morcego notando
Que ia acabar a paz,
Pulou na frente do burro
E disse: – “Calma, rapaz!...
Baixe a guarda, abra o casco,
Não faça o que o homem faz.”

O burro pediu desculpas
E disse: – “Muito obrigado,
Me perdoe se fui grosseiro,
É que eu ando estressado
De tanto apanhar do homem
Sem nunca ter revidado.”

O rato disse: – “Seu burro,
Você sofre porque quer.
Tem força por quatro homens,
Da carroça é o chofer...
Sabe dar coice e morder,
Só apanha se quiser.”

O burro disse: – “Eu sei
Que sou melhor do que ele.
Mas se eu morder o homem
Ou se eu der um coice nele
É mesmo que estar trocando
O meu juízo no dele.

Os bichos todos gritaram:
– “Burro, burro... muito bem!”
O burro disse: – “Obrigado,
Mas aqui ainda tem
O cachorro e o morcego
Que querem falar também.”

O cachorro disse: – “Amigos,
Todos vocês têm razão...
O homem é um quase nada
Rodando na contramão,
Um quebra-cabeça humano
Sem prumo e sem direção.

Eu nunca vou entender
Por que o homem é assim:
Se odeiam, fazem guerra
E tudo o quanto é ruim
E a vacina da raiva
Em vez deles, dão em mim.”
Os bichos bateram palmas
E gritaram: – “Vá em frente.”
Mas o cachorro parou,
Disse: – “Obrigado, gente,
Mas falta ainda o morcego
Dizer o que ele sente.”

O morcego abriu as asas,
Deu uma grande risada
E disse: – “Eu sou o único
Que não posso dizer nada
Porque o homem pra nós
Tem sido até camarada.

Constrói castelos enormes
Com torre, sino e altar,
Põe cerâmica e azulejos
E dão pra gente morar
E deixam milhares deles
Nas ruas, sem ter um lar.”

O morcego bateu asas,
Se perdeu na escuridão,
O rato pediu a vez,
Mas não ouvi nada, não.
Peguei no sono e perdi
O fim da reunião.

Quando o dia amanheceu,
Eu desci do meu poleiro.
Procurei os animais,
Não vi mais nem o roteiro,
Vi somente umas pegadas
Debaixo do juazeiro.

Eu disse olhando as pegadas:
Se essa reunião
Tivesse sido por nós,
Estava coberto o chão
De piubas de cigarros,
Guardanapo e papelão.


Botei a maca nas costas
E saí cortando o vento.
Tirei a viagem toda
Sem tirar do pensamento
Os sete bichos zombando
Do nosso comportamento.

Hoje, quando vejo na rua
Um rato morto no chão,
Um burro mulo piado,
Um homem com um facão
Agredindo a natureza,
Eu tenho plena certeza:
Os bichos tinham razão.

PROFESSORES EM AÇÃO

Reescrita do trecho de Antigamente  (Drummond)

"ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Atualmente, as moças são 'as mina'. A caranga dos 'homi' é viatura, mas um dia foi atrulhinha e a vovó dizia que era 'joaninha'.
Atualmente, vivo em terra de siglas: LCD, LED ou HDTV? Era mais fácil ver televisão...
Importante era terminar o 2° grau, agora o ensino médio é o nome normal. Normal era  formação de professores, que um dia será só em nível superior
E ninguém fará mais vestibular. VC10 o novo ENEM (siglas... mais uma!) para revolucionar.
Aí, você imagina: a 'joaninha' parou para investivar se Escola Normal formava professores para encarar o ENEM feito via internet numa tela de LCD
A! Língua viva... português. Língua  do Brasil!"                            (Cesar Marques)


"No tempo dos 'coroa', as 'novinha' era chamada de gatinha e geral era direitinha, na moral. Não crescia toda hora, fazia aniversário e toda hora era festa. Os pegadores esperavam as festas pra 'azará' e 'pegá' as 'mina'"                   (Geneci)















AVALIAÇÃO

"Caraca, maluco, o encontro de formação bombô. Zuamos pra caramba. Aprendemos pacas. Valeu. Fui"                                      (Helismar Azevedo)

"Ô, tia! O encotro foi maneiro, mas pena que o Geneci vazou mais cedo e o Helismar tenha vindo com o uniforme do 'framengo'  Aí , deu onze e trinta  e meti o pé pra fazer uma prova... mas, valeu!"                                  (Cesar Marques)


"O encontro de hoje foi 'sinistro', muito 'manero', 'irado'. Minhas professoras são muto 'show'. Aprendi coisa 'pra caramba'. Só fiquei meio 'bolado' porque muita gente faltou."
(André Moraes)

"Cara, o encontro de hoje foi maneiro pra caramba. O assunto agradou geral, a coisa foi na base da brincadeira, mas o negócio era sério , importante e assim fica mais fácil"
(Teresa Cristina)

22 novembro, 2009

Demônios da Garoa - Tiro ao Álvaro

Tiro ao Alvaro - Demônios da Garoa

http://www.youtube.com/watch?v=HVYzFCUf8Bk

Composição: Adoniran Barbosa / Oswaldo Moles
De tanto levar
Flechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar
Não tem mais!...

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar...

Teu olhar mata mais
Que bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixeira de baiano...

Teu olhar mata mais
Que atropelamento
De automóvel
Mata mais
Que bala de revólver...

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar
Não tem mais!...

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar...

Teu olhar mata mais
Que bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixeira de baiano...

Teu olhar mata mais
Que atropelamento
De automóvel
Mata mais
Que bala de revólver...

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar...

14 novembro, 2009

Nós somos o Gestar!



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OFICINA 10 (SEMANA DE 09 A 14 DE NOVEMBRO)

TP6 - LEITURA E PROCESSOS DE ESCRITA II - unidades 23 e 24


Análise linguística e produção de texto
Nesta oficina, realizamos a análise linguística de um texto publicitário e percebemos, como nos diz Irandé Antunes, que "Língua e gramática podem ser uma solução se soubermos ir adiante, muito além da gramática; muito além até mesmo da língua, para alcançar a nós mesmos e aos vestígios mais sutis da cultura, da história, dos discursos todos que teceram e tecem os versos de cada um".
Realizamos também uma atividade do AAA6, p. 49 - Uma história maluca. Nossos cursistas consideraram as atividades práticas muito positivas, sendo possível realizá-las em sala de aula. Ressaltaram que a partir delas, podem-se criar textos em diferentes gêneros e desenvolver a capacidade de escrita dos alunos .


LEITURA DELEITE

OUTUBRO DE 2002 - Trecho do Livro: Calendário do Poder
Não se pense que javé se lançou à obra da Criação com os próprios braços. Deitado eternamente em berço esplêndido incumbiu serafins e querubins de executarem o projeto América Latina. Animados, os anjos puseram mãos à obra, convencidos de que da prancheta do Grande Arquiteto resultaria o melhor.

Lá pelas tantas os serafins estranharam pequenos erros de cálculo. Ora, não fora tudo previsto pela Infinita Sabedoria? Perante desajustes evidentes, alguns anjos relaxaram no trabalho: aos olhos dos arcanjos, pareceu boicote ao projeto.

Bom patrão, Javé dispôs-se a dialogar com os relapsos:
- Por que têm faltado ao trabalho?
- Porque o projeto não é justo respondeu o líder dos serafins.
- Como não é justo? Espantou-se o Sumamente Justo.
- Veja Senhor – argumentou o anjo, o México é proporcional à Argentina: a Nicarágua à Bolívia: o Panamá ao Uruguai. Mas há um país demasiado grande na América do Sul. Por que não dividi-lo em cinco ou seis, e evitar no futuro queixas de que o Senhor privilegiou o Brasil?
Irritado por duvidarem de sua imparcialidade, Javé reagiu:
- Sei muito bem o que faço. E ordenou: Prossigam a obra.
Dias depois, Javé viu a sua Infinita Paciência abalada pela notícia de que os querubins, mais politizados, organizados no sindicato angélico, haviam entrado em greve. Sem temer afrontas, compareceu à assembléia da categoria:
- Por todos os santos, qual é a reclamação agora?
- Os serafins têm razão, Senhor – explicou o líder. – O projeto é realmente injusto. Não podemos prossegui-lo.
- Ora, o que há de errado em criar países com dimensões distintas? Retrucou Javé. – A um continente quadriculado, prefiro a diversidade, como fiz com as espécies de vida.
- Não se trata de proporcionalidade territorial – disse o anjo. – Preocupam-nos os fenômenos naturais destinados a cada país. – Veja Senhor: há desertos no Chile, no Peru e no México; no Brasil, nenhum. Vulcões na Nicarágua e furacões em Cuba: no Brasil, nenhum. Terremotos no Peru, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador e no México; no Brasil, nenhum. Neve e geleiras em toda a região andina; no Brasil, apenas um neviscar, três noites por ano em São Joaquim (SC), para atrair turistas.
Outro completou:
- Nós da direção sindical, desconfiamos que, após o fracasso do Èden, o Senhor nutre a intenção de reeditar o Paraíso no Brasil.
- Valha-me Deus! - Exclamou Javé. - Expliquem melhor.
- O Èden não faliu por causa de uma maldita árvore? Entre os países, o Brasil é dos raros com nome de vegetal. Dadas as suas dimensões continentais, a ausência de qualquer catástrofe natural e os imensos recursos a ele reservados, concluímos que o Senhor pretende reinaugurar ali o Paraíso, não é verdade? Ou como explicar o projeto de conferir ao Brasil um excelente clima tropical; a maior bacia hidrográfica do mundo; oito mil quilômetros de costa; uma floresta que absorverá boa parte do dióxido de carbono da atmosfera; mais de 600 milhões de hectares cultiváveis e potencial para três safras por ano?
Javé cofiou a longa barba e admitiu:
- Sim, confesso, tive a intenção de abençoar o Brasil de modo especial. Mas sei, por minha onisciência, que lá, por muitos anos, não será o Paraíso. Esperem só pra ver que tipo de políticos aquela gente haverá de eleger. O estrago, ao menos nos primeiros séculos após a chegada de Cabral, será muito grande: haverá miséria, desigualdade, discriminação, corrupção e violência. Crianças abandonadas andarão ameaçadoras pelas ruas e agricultores ficarão à beira de rodovias à espera de um pedaço de terra. Como não perco a esperança, pode ser que, um dia, os eleitores descubram que, ao votarem a favor da justiça social, o Brasil estará muito perto se vir a ser um Paraíso.
Frei Beto


PROFESSORES EM AÇÃO

Criação de uma história maluca, com base em uma atividade do AAA6.



Flashes

Um homem. Uma mulher. Uma conexão à internet. Um bate papo animado. Um convite inesperado. Que tal um banho na minha piscina? Está pronta, com espuma e tudo mais. Agora a massagem: ativa o prazer. Deu fome: torta de maçã, café...
Um ano depois. Um homem, dois filhos. Uma família feliz!

                                                                                                                                                             (Cláudia Valéria e César Marques)






Professoras Lília, Ana Lúcia e Teresa